Pensou em recorrer aos classificados, e porque não encontrava pronto algo de que necessitava - e porque não sabia o quê - decidiu-se por expor a si mesma: "Procura-se...". Com um bloco de notas à disposição, meditou longamente sobre o que seria. Concluiu que era alguém, mas de que tipo? Do tipo que ela não era; alguém pra complementar uma parte dela que ela não fosse, por distração ou mera limitação humana. No entanto, incapaz de se decidir sobre uma coisa e outra que quisesse que alguém lhe trouxesse a acrescentar, desistiu do anúncio: estava ela desclassificada. Talvez até já tivesse tido, e perdido, essa coisa que procurava.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
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7 comentários:
Ai, que má!
Dá uma chance. Torce a história!
Procuramos sempre alguém que nos complete, que seja diferente de nós, que traga novidades, pois nós já estamos mais que cansadas da monotonia do nosso ser; Mas será que conseguimos? Mesmo os que já encontraram, será que se completaram? Será que alguém lhes trouxe o que lhes faltava? Penso que não. Nós somos o que somos e não há ninguém que nos complete, nem nós iremos completar seja quem for; temos que ser completos, aceitar que temos que ser nós próprios a procurar preencher alguma lacuna que pensamos ter; depois de completos, aí sim, pode ser que o outro traga alguma novidade, mas essa será só para acrescentar às nossas, será só para enriquecimento, Penso que o famoso « dois num só » não existe, mas sim um mais um que se juntam para viver uma vida, cada um com as suas caracteísticas e individualidades. Sabes, Priscila, se eu pegasse nos classificados ficava como tu; ia desistir, porque acho que me falta tanta coisa que não saberia por onde começar; já tenho há 34 anos outro ser diferente que um dia eu achei que me completaria, se calhar ele pensou o mesmo; ficámos os dois desclassificados; continuamos, mas continuo com a sensação de que estou incompleta, mas não volto a pegar nos classificados; terei que ser eu a classificar-me. Um beijinho e, como sempre, impecável este texto
Emília
adorei o texto, senti como se a personagem perdida entrasse em mim e dissesse: proura-se... eu mesma!
abraços
Vez por outra vale arriscar "achar", ao invés de "procurar".
Beijos...
Sua poesia está toda prosa.
Parabéns pelos textos.
Continuemos nos acompanhando.
Abraços
do
Gorj
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