Eu já sei o que você vai dizer. Que eu já tenho trinta anos na cara, que já pensei que não amaria de novo antes, e várias vezes, que eu já perdoei coisa pior e já pedi perdão por coisa que-meu-deus-do-céu; que eu era um galinha escroto aos vinte e sou uma mulherzinha atordoada aos trinta. Depois eu vou te lembrar das tuas também: daquela vez que você ameaçou se afogar na lagoa, morrer de amor; caminhou uns cem metros adentro com a água ainda na cintura, e a guria te olhando da beira da praia, a galera toda assistindo, deixando pra ver até onde você ia; você é muito raso, meu amigo, você não corre riscos. Conheceu, casou, deu; filhos, videoteca, casa no sítio. No fundo, eu queria ser você e você queria ser mais eu; mas não deu, pronto, chega.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
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6 comentários:
Que jeito de "quem desdenha quer comprar"... Acho um sentimento horrível, mas o texto ficou bem legal! ;D
Beijos!
Ana
Não sou teórico da literatura, mas acontece que seus textos primam por um cotidiano de simulacro que é cocaína pura para cocainômanos.
Não sou adito profissional, eu só tomo uma cervejiha de vez em quando, mas o efeito é o mesmo: boa literatura.
Obrigado!
Eis aqui o meu e-mail: sgtbilko_16@yahoo.com.br
...e mais uma excelente leitura faço aqui - você é única, sabia?
Abraço do Jorge, até mais!
Olá, boa noite!
Passei para ler e deixar
as minhas saudações poéticas.
Bjs
Esse cotidiano gritado que a gente se assemelha. Adoro seus textos. Beijos, querida.
"você é muito raso, meu amigo, você não corre riscos."
doeu aqui.
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