sexta-feira, 11 de setembro de 2009

autognose

Eu sei. É insuportável saber. É verdade, não suporto. Sei o tamanho, sei a distância, sei o peso. A largura, eu sei, a densidade, enfim, eu sei. Eu sei! Saber é contraditório. Mergulho profundamente vazia de tudo que me falta saber. Geralmente não compreendo o que sei. Saber é inexato, incoerente, quase absurdo. Sei o que não sei e isso me oprime ao mesmo tempo que me move. Não sou ignorante - não ignoro minha falta de - sei o que eu não sei; apenas me decepciona o quanto ainda me falta para saber. O saber dilata-se a uma frequencia que não consigo acompanhar. À medida que vou sabendo, mais coisas se enfileiram, e se desajeitam, e se desabam para que as saiba. Eu não sei, eu não sei... Eu não sei nada.

3 comentários:

ítalo puccini disse...

angústia.

Alisson da Hora disse...

Reflexivo. Profundo. Só podia vir da cabecinha de uma virginiana...

lindo o que você escreve.

abraço

Emília Pinto disse...

O ser humano é por si só um ser insatifeito até no saber. Neste aspecto até acho bom..., devemos querer aprender sempre mais, através da observação do que se passa à nossa volta, da troca de experiências que fazemos convivendo com os outros; isso vai-nos enriquecendo, vamos aprendendo; se nos isolarmos, se não estivermos atentos ao que se passa ao nosso redor ficaremos como que numa ilha e aí estagnamos, ou melhor, se ficarmos atentos à natureza também aprendemos.A nossa sensação é de que nada sabemos, porque felizmente somos pessoas que não estamos olhando só para o nosso umbigo; estamos alertos ao mundo, às pessoas, aos acontecimentos e chegamos à conclusão de que estamos sempre a aprender e de que morreremos sem saber. Penso que é positivo quando nos sentimos assim; é sinal de que o que se passa neste mundo nos interessa e preocupa. Ter a consciência de que nada sabemos é um sinal de humildade em relação aos ensinamentos que podemos tirar da observação cuidada que devemos ter perante a vida.Somos parte integrante dela, devemos observar e apreender tudo o que ela nos está sempre a ensinar. Belo texto, como sempre. Um beijinhpo Priscila e até breve.
Emília