segunda-feira, 7 de junho de 2010

carta curta

Procuro andar distraída, e caio em coincidências. Tento evitar; quando vejo, tô pensando de novo. Desculpa. Estou tão impedida de tudo que eu me sinto obrigada a ao menos te escrever para não explodir desproporcional e louca, extravasando o que eu sinto de uma forma que literalmente "ninguém merece". Já tentei todos os improvisos possíveis para não meter os pés pelas mãos. Às vezes tenho medo de que, me vendo imóvel - ainda que amordaçada, ainda que algemada - pense que faz parte de mim ser assim, que vou bem-obrigada. Na verdade, como uma lagartixa, sou só eu ali, me fingindo de morta; no fundo bolando uma estratégia para sair daquela situação o mais rápido possível - já se passaram alguns anos. Momento "perguntas retóricas": por que para mim é tão insuportável, e você vai vivendo? Por que para mim é todo dia isso, e você de vez em quando? Por que eu me sinto tão preparada agora, e você me postergando? Até quando? Sonhei contigo. Sonho toda semana. O sonho é uma realidade aumentada. Um dia você vai saber. O problema é que não sei de quanto tempo vou precisar contigo; por isso que já não te peço mais nada. Mas eu te escrevo com tanta certeza, sabe? Eu te quero com todo o meu coração. Brega até. Mas não é exagero. É muito-muito verdadeiro. De chorar até. Mas quase sempre eu sou feliz.

8 comentários:

Sidnei Olivio disse...

Sem dúvida, Priscila, a conecção é total. Texto belíssimo, como sempre o seu. Beijos.

Marcia Barbieri disse...

adorei o texto-carta e também adorei sua visita, espero mesmo que continuemos...

beijos

ítalo puccini disse...

êita que eu amei essa personagem!

grande beijo.

Emília Pinto disse...

É Priscila...passa-se o tempo...tenta-se encher a cabeça com algo de diferente, mas o mesmo pensamento teima em ficar; é sempre mais difícil para um que em tudo encontra semelhanças, em todo o lugar encontra algum pedaço, à noite o sono é perturbado pelas imagens;para o outro é fácil, não precisou de tempo, dificilmente lembra, dorme tranquilo. Um quis a situação, outro sofre até hoje com ela; são assim os relacionamentos, difíceis de entender; do grande amor passa-se para uma indiferênça considerada natural, por um...incompreensível e dolorosa por outro. Sei o que isso é...tenho um caso em casa e...é duro, mas agora, de vez em quando já consegue ser feliz...muito de vez em quando. Um beijinho, Priscila e parabéns
Emília

Poesia Inclusiva disse...

"sonho é uma realidade aumentada"

adorei isso!

Unknown disse...

pior quando isso tudo que está vivo desmaia e tem-se a sensação de que morreu, mas de repente volta, aos poucos, como se acordasse de um tiro no ombro. Volta sangrando, e o sangue é seu.


, porque isso tudo está vivo e só você sabe como, só você sabe como se engasga com a própria gargalhada.

Unknown disse...

pior quando isso tudo que está vivo desmaia e tem-se a sensação de que morreu, mas de repente volta, aos poucos, como se acordasse de um tiro no ombro. Volta sangrando, e o sangue é seu.


, porque isso tudo está vivo e só você sabe como, só você sabe como se engasga com a própria gargalhada.

Aninha Kita disse...

Olá, Priscila!
Retribuindo a visita.

Realmente vejo semelhanças entre nossas formas de expressão e até pausas.
Parabéns pela "carta curta". Este texto em especial me identifiquei demais, tais contradições e dúvidas acompanham tanto meus textos quanto minha vida. rs

Até mais! Voltarei, sem dúvida.
Ana