segunda-feira, 20 de setembro de 2010

caraminholas

Primeiro assim: pontinhos coloridos; depois começam a girar girar e esticar as cores até formar dois caracóis médios; então sai do papel e vai um caracol pra cada lado da minha cabeça; ficam girando na altura da orelha; eu olho assim pro mundo, e os caracóis girando pra que eu ouça suas cores; parece um disco na vitrola, mas em vez de som começa a vir um cheiro, o cheiro dessa coisa de que necessito, e que chamo com uma quase alegria de inspiração; acho bonito o nome e começo a senti-lo, calculadamente; até que os caracóis ficam muito mais rápidos do que cabe em mim ouvir cheirar e eu começo a escrever escrever escrever como se os dedos tivessem a medida dos giros e o mundo fosse ter fim; eu escrevo giro escrevo giro escrevo giro e de repente acaba, como a criança que é parada num carrossel pela estupidez carinhosa da mão de um adulto; e tudo pede pra eu ter calma, e tudo diz que vai voltar, calma, vai voltar, mas eu sempre desconfio.

7 comentários:

leila saads disse...

a vida pode ser um doce mesmo.

;)

Anônimo disse...

Continue sempre desconfiando...Maravilhosa tua associação!

Boa quarta!

Ju disse...

entro aqui para respirar alguma inspiração, para carregar a vida de alguma coisa que ainda falta.

obrigada.

Aninha Kita disse...

Que conto mais lindo, adorei a sinestesia, extremamente pontual e inspiradora.

Parabéns, Priscila!

Beijos!
Ana

Priscila Lopes disse...

a inspiração é essa coisa meio mamute; chega atropelando tudo, pisando nas flores, toda bêbada.

Emília Pinto disse...

Há muito não vinha cá, Pricila. Caraminholas...preocupaçõezinhas na cabeça que a cada dia aumentavam, aumentavam, atropelando tudo; calma pedia eu mesma à minha cabeça, pediam-me os outros a mim; paciência...a agulha começa a arranhar o vinil de tanto que ele gira e o pior é que a música é sempre a mesma. Andei também só dando voltas, sempre no mesmo sentido parecendo uma tonta.Bem me diziam que tivesse calma, que uma hora o disco tocaria outra música; mas coração de mãe desconfia...sente...ouve...cheira: continuam as caraminholas...e sinto o mesmo, o mesmo cheiro, o mesmo ouço. Agora começo a ter calma...o disco foi trocado, a agulha desliza mais suave e o sentir é mais alegre, o cheiro gostoso e a música linda. Não sei se tudo voltou, mas voltou alguma coisa muito importante e já não giro tanto, já não desconfio tanto. É bom! Um beijinho e até breve
Emília

RunnaWay disse...

É, a inspiração funciona assim pra mim também. Gostei muito do seu estilo de escrita.
Me sinto boba por não ter lido seu blog antes HAHAH
Vou devorá-lo agora :3