Começaram contando até três, e afundaram. Segundos ocos aqueles, com marteladas mudas e tiros nus; mas era água só, e a sede deles, os dois inchados feito peixes, olhando-se entre bolhas; vamos voltar? Voltaram. À superfície pareciam respirar um ar urgente e findo, como se voltassem à vida e fosse aquela a última chance. Um-dois-três, mergulharam. Arraias, areias, arranha-céus. Estrelas-do-mar, recifes, cavalos-marinhos. E os dois se olhavam sem ar, os dois a tatear o fundo do aceano do mar. Um-dois-três e já! Cabeças fora d'água, respirando feito filhotes que acabaram de nascer. Era o mundo de novo, um espaço aberto entre cores e sons. Tudo bem? Tudo bem, e pronto. Embaixo d'água novamente, a vida se revelava como um ultrassom; e os dois boiando, boiando, sendo simples. De repente, não se sabe o que que deu, ela tomou impulso com os pés-de-pato, ele deu umas braçadas ao norte, e eles se chocaram, snork contra snork, um-dois-três-e-já. Já eram.
terça-feira, 26 de julho de 2011
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9 comentários:
Me han encantado tus palabras, sintiendo lo que tú sientes.. aunque no las entienda todas, un hallazgo encontrar tu blog..
"margullar" en Canarias tiene el mismo significado.
un saludo
Muito obrigado pela visita/elogio/comentário minha querida. Depois dou uma passadinha aqui pra dar uma lidinha!
Super Beijão
É tão bom mergulhar, pena que acabamos sempre ficando sem ar, querendo voltar.
Vc nos levou para um mergulho nesse texto. Foi a intenção, né? Gostei muito de sua literatura, em fazer o leitor experimentar além das palavras.
A vida é um mergulho
um salto no escuro
buscar a superficie
apenas para
submergir.
adoro os mergulhos...
e que bom 'conhecê-la' também.
e que bom teus textos... tão beira-mar, mares.
Assim dá até vontade de se afogar.
gostei do teu texto, a imagem que ele faz conduz o leitor a imaginar coisas
oi Pri,
gostei muito do texto/contexto, principalmente porque não parece conter um ponto final, a gente pode colocar uma vírgula e imaginar! bjs
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