sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

intervenção

Primeiro, eu não era tão nova que não pudesse acreditar; nem tão limitada que não pudesse alcançar. Eu só tive medo, e não sabia antes do quê. Antes era um vidro embaçado. Antes era uma espinha de peixe de lado na garganta. Você sabe sobre o que eu estou falando, até quem não passou por isso faz uma ideia. Depois éramos tarde demais - eu sempre volto nesse ponto que não-sei-bem-o-que-é-isso. E viemos antes que todos pudesssem se prevenir, fizemos planos "incumpríveis" - e criamos um dicionário todo nosso, do qual hoje não posso fazer uso com mais ninguém; vivo a evitar certas palavras. Assim: eu fui desistindo, você foi desistindo, a gente nem se fez. Vale lembrar que eu te avisei, e você me avisou, como era impossível de se conviver, ainda que a gente tenha encontrado nessa coincidência a oportunidade boba de fazer durar alguma coisa. Após esses rodopios do tempo envolta da gente, eu me recordo não que te perdi, mas que te esqueci de trazer, e já não sabia onde havia posto, e como sempre estou atrasada, tenho que ir, vou andando...

Mas eu te espero ainda; como quem sonha em ganhar na Mega Sena, e não joga.

8 comentários:

Cynthia Lopes disse...

Pri, tem um selo legal para ti no meu blog, passe por lá!
bjussssssssss

O Neto do Herculano disse...

Imagino a sorte grande
mas nao aposto nela.

Emília Pinto disse...

Olá Priscila! Faz tempo que não venho aqui..há sempre intervenções na vida; um dia é uma coisa que intervem nos nossos planos outras vezes seremos nós a intervir no percurso normal da vida e lá estamos nós a deixar de fazer uma coisa ou outra que costumavamos fazer ou que tanto desejavamnos. Os medos também são intervenções...hoje, medos diferentes...não medo do escuro...de uma espinha que poderá ferir a nossa garganta, nem sequer medo de bicho papão; temos medo de não cumprir aquilo que prometemos à vida, pois a vida é exigente...não se pode desafiar a vida...ela não se compadece; quer que a vivamos e convivamos com tudo o que ela nos oferece todos os dias. Perdemos tempo, demoramos muito tempo...não importa isso à vida; nós fazemos o nosso tempo e estamos aqui para ganhar...ganhar tempo aproveitando-o ao máximo, vivendo, convivendo, sonhando, jogando, cumprindo, não cumprindo, intervindo...esperando também; esperamos sempre por alguma coisa. Eu espero voltar aqui...espero que não haja intervenções nesta minha intenção. ÀS vezes posso impedir...posso intervir nas intervenções; outra vezes não...outras vezes vencem elas e a gente fica à espera...outra oportunidade virá. Um beijinho, Priscila e um bom fim de semana
Emília

Sílvia Ribeiro disse...

nossa, como gostei deste texto...
bj

Anônimo disse...

Identificação total... (e não estou falando do nome)

otto M disse...

Que talento, Priscila. A arte de dizer o óbvio sem ser óbvio. Claro que nos reconhecemos.

Um abraço.

ítalo puccini disse...

antes era um vidro embaçado.

amei essa frase!

bjo, priscila!

marlene edir severino disse...

Olá,

Gostei do que li...

Vi que estaremos juntas no III Prêmio Canon de Poesia

Te sigo,

abraço
marlene