quinta-feira, 30 de julho de 2009

aquela coisa

Sinto que eu deveria estar num local onde não estou, que eu deveria estar fazendo uma coisa outra; que existo deslocada, mas que não foi sempre assim. Em que trecho do caminho - ou do caderno - me perdi? E se aconteceu de ser assim, não era pra ser? Perdi-me completamente ou fui me deixando aos poucos, como a areia que escorre da caçamba de um caminhão? Às vezes, antes de adormecer, me vem uma indagação aguda, parece espetar-me de fora pra dentro. Essa pergunta peralta lembra-me a mim mesma quando criança, nas manhãs de sábado, querendo ver a vida: A-COR-DA! A-COR-DA! A-COR-DA! Agora eu me confesso com uma corda no pescoço e um baquinho azul sob os pés. Mas não vou me matar, e eu sei que é só uma ameaça - por isso às vezes me ignoro. Sei que não vou daqui-ali sem mim. Sou de mim tão dependente que não saberia me abandonar. Vou lutar por nossa vida até o fim. Eu sou a minha vitória.

8 comentários:

Vera disse...

Não se perca de você, moça. Não solte sua mão e não se deixe ser levada por estes desatinos que vez ou outra nos acometem.


Beijo.

Adriana Godoy disse...

Pensamentos assim acontecem. Então, fuja deles. Belo texto.

BAR DO BARDO disse...

Por falar nisso, a própria Adriana Godoy postou uma coisa tristísima. Mas ela é como a Priscila Lopes, vitória sempre!

Priscila Lopes disse...

Ela é ótima!

Emília Pinto disse...

Acho que todos nós chegamos a uma altura em que pensamos: será que sou quem queria ser? Estou onde quero, a fazer o que me agrada? Bem..., não interessa, penso. Fizemos o que soubemos, o que pudemos e somos aquilo que fizemos por ser. Errámos, com certeza, acertámos também e hoje tudo continua como sempre foi: somos e seremos aquilo que quisermos ser e só a nós cabe o poder de escolha. Não nos podemos separar do nosso eu e esse eu é e vai ser aquilo que conseguirmos fazer por ele. Temos que dar sempre o nosso melhor para que tenhamos a certeza de que estamos no lugar certo, a fazer o que é preciso e a trabalhar para que esse eu atinja a máxima felicidade. Não podemos contar com ninguém..; só connosco. Um belo texto! Parabéns e continue a lutar pela vossa vida. Um beijinho

Emília

ítalo puccini disse...

controlar "aquela coisa" é difícil, sim.

seus escritos são muito bons.
e das suas leituras eu compartilho muitas.
legal!

tá linkada lá também ^^

beijo.

nydia bonetti disse...

Priscila, sei tão bem deste sentimento... Beijo.

Clotilde Zingali disse...

ai.... esse texto sou eu hoje. sou eu. tão bom encontrar outro alguém tão nós. tão si. adorei. beijo grande. obrigada por seu alô no meu blog. nos vemos :))